Resumo
O meu trabalho procura esclarecer que tipo de interacção entre jornais e leitores existe no Jornalismo on-line em Portugal, bem como tentar perceber, quais os contornos desta funcionalidade, só possível através da internet.
Tentarei chegar a algumas conclusões: Os jornais proporcionam um espaço de feedback ao público com que objectivos? Estes espaços dedicados aos comentários do leitor funcionam de forma a melhorar a produção jornalística dos jornais? O objectivo é o de possibilitar ao público, comentar o trabalho do jornalista “in loco” de modo a que o leitor possa dar a entender se as suas expectativas foram alcançadas? Quais os seus objectivos e como funcionam? Existe efectivamente um conjunto de limitações e constrangimentos que os jornalistas são alvos no on-line em virtude deste “diálogo” directo com os leitores? O facto de existir “feedback” imediato e directo por parte do público, poderá pressionar o Web jornalista a tornar-se mais equilibrado e cauteloso naquilo que escreve, na medida em que está mais exposto e eventualmente com receio de falhar? O que poderá ser feito para melhorar este espaço de opinião?
E quanto aos leitores, preferem comentar as notícias publicadas on-line na expectativa que estas melhorem, ou continuem com a qualidade que pretendem? Ou quando comentam é pela matéria em si, e não pelo trabalho do jornalista?
De forma a “balizar” o meu trabalho, decidi incidir exclusivamente a minha pesquisa na análise dos jornais on-line desportivos, e de que forma os seus eventuais tendencialismos se tornam hipoteticamente mais ténues e equilibrados por poderem ser criticados pelos leitores abertamente, algo que é impossível nos jornais impressos.
Tendo em vista esta problemática, e para realizar este trabalho efectuei uma análise a vários sites de informação desportiva on-line Portuguesa, nos quais foram descritos as características dos mesmos, no que há possibilidade que têm de interacção entre leitores e jornais/ jornalistas. Analisei também as características gerais do jornalismo on-line, e um pouco no que diverge com a imprensa em papel. Recolhi bastante informação de textos relativamente à interactividade do público com o jornal, à maior exposição do jornalista no on-line, em virtude das possibilidades que a internet oferece ao utilizador, e às diferenças entre o tendencialismo do jornalista da internet, e aquele que escreve para publicação em papel. Procurei falar com algumas pessoas ligadas ao meio, que me falaram desta interacção entre leitor e jornalista e da forma como funciona ou devia funcionar. Falei também com alguns leitores assíduos de edições noticiosas da Web, para nos contarem o que acham desta possibilidade de receber informação e dar posteriormente a sua opinião.
Desta forma fiz também uma abordagem histórica aos primórdios da imprensa on-line e o começo das edições digitais dos jornais desportivos em Portugal. Procurei perceber de que maneira estas alteraram a forma de interagir com o público. Tentei perceber se existia alguma ligação entre o comportamento do web jornalista e o facto de os sites permitirem o comentário directo das “peças” noticiosas.
O meu trabalho acabou por concluir que esta problemática tem “duas faces”. Se por um lado, o facto de existir um contacto directo entre jornal e leitor poderia de certa forma “pôr em sentido” o jornalista a escrever de forma mais equilibrada e rigorosa, sob pena de poder ver o seu trabalho criticado “na hora” e acabar por ficar com as suas “peças” manchadas, por outro lado este facto, fica praticamente sem efeito, na medida em que estes espaços reservados a comentários e feedback do público, não funcionam como provavelmente seria pretendido.
Mesmo assim, apercebi-me ainda através do testemunho de algumas pessoas do ramo, que de uma maneira ou de outra, existem jornalistas on-line, que se refugiam em Blogs para ai sim, escreverem efectivamente aquilo que “lhes vai na alma” sem qualquer tipo de pressões quer editoriais quer por parte do público.